Um dos polos estratégicos funciona em Hospital da Unimontes
O sistema de Telessaúde, atendimento a distância instalado a partir de uma parceria entre universidades, proporciona uma grande melhoria na assistência à população de Minas Gerais, com abrangência de 780 municípios. Desde a implantação, em 2005, o serviço já alcançou 3,26 milhões de laudos de exames e 109,25 mil teleconsultorias atendidas. O Núcleo de Telemedicina do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), é um dos polos do Telessaúde.
Uma das grandes vantagens do atendimento a distância é a redução de despesas com os deslocamentos dos pacientes. Segundo a coordenação do Telessaúde, desde que começou a funcionar em todo Estado, o sistema já proporcionou uma economia de R$ 192 milhões, montante que deixou de ser gasto com as viagens das pessoas que receberam a teleassistência.
Vinculado ao Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), o Centro de Telessaúde é constituído por uma equipe de profissionais de saúde e de informática e, também, por gestores de saúde. São oferecidos atendimentos a distância de teleconsultoria e telediagnóstico por intermédio da Rede de Teleassistência de Minas Gerais (RTMG), integrada por sete universidades públicas sediadas no Estado, entre as quais a Unimontes.
Os especialistas da rede auxiliam e oferecem consultas aos médicos da atenção primária, além de analisar os eletrocardiogramas e outros exames. Transmitidos via internet, os dados são analisados pela equipe do programa com o retorno imediato ao médico da atenção básica e a orientação para os procedimentos e condutas junto aos pacientes.
Além da vantagem financeira, o Telessaúde proporciona como grande ganho aos pacientes a agilidade das consultas, garantindo a rapidez no diagnóstico e no tratamento. Em caráter experimental, testado em pequena escala, conforme monitoramento da Rede de Teleassistência, por meio da teleconsultoria, em um período de 11 meses (entre abril de 2016 a fevereiro de 2017), houve a retirada da fila de espera – para consultas especializadas – de 81% dos pacientes que aguardavam por atendimento em seis especialidades. De 360 pessoas que esperavam na fila pelas consultas com médicos especialistas, 292 foram atendidas pelo sistema a distância. No período analisado, foram prestadas teleconsultas nas áreas de dermatologia (178), endocrinologia (116), ginecologia/obstetrícia (52), hematologia (8), ortopedia (3), reumatologia (3).
REFERÊNCIA
O coordenador do Polo do Telessaúde e da RTMG do Hospital Universitário Clemente de Faria é o professor André Pires Antunes, que ressalta que o projeto das teleconsultas de Minas Gerais tornou-se referência nacional na melhoria do atendimento a saúde. Ele destaca que a unidade do Hospital da Unimontes desempenha papel estratégico na Rede de Teleassistência, respondendo por 130 municípios do Norte de Minas, do Vale do Jequitinhonha e também das regiões Noroeste e Central.
O serviço também possibilita a melhoria da assistência à população com o projeto da implantação de eletrocardiogramas digitais nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (SAMU) na macrorregião do Norte de Minas. O objetivo é aprimorar o atendimento e o tratamento dos casos de infarto no miocárdio e de síndromes coronarianas agudas na urgência. Com a instalação dos eletrocardiogramas digitais nas ambulâncias, ocorreu uma redução de 7% da mortalidade por infarto no miocárdio na macrorregião Norte.
FOMENTO ÀS PESQUISAS
O professor André Pires Antunes salienta que o sistema do Telessaúde e da RTMG também propicia um avanço da pesquisa científica e a atualização de conhecimentos por parte de professores, médicos e outros profissionais da saúde. O polo do HUCF conta com uma sala equipada com sistema de videoconferência. A estrutura possibilita que pesquisadores, professores e acadêmicos da área de graduação e participantes dos cursos de residência médica, mestrado e doutorado possam aprofundar seus conhecimentos por meio de palestras e aulas, transmitidas por videoconferência.
André Pires Antunes salienta que, por intermédio da estrutura do Telessaúde e da Rede, são desenvolvidas diversas pesquisas, que fomentam o intercâmbio com pesquisadores de diferentes instituições. O exemplo é um estudo sobre Doença de Chagas, desenvolvida pelo grupo Samitrop (Centro de Referência São Paulo-Minas Gerais para Biomarcadores em Doenças Tropicais Negligenciadas), que integra pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Montes Claros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).
O estudo analisa a evolução dos sintomas cardíacos em 500 portadores de Chagas em comparação com outros indivíduos não chagásicos. O projeto de pesquisa é financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
Com informações da Ascom HUCF