O 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes Claros sofreu uma mudança marcante com o ingresso de mulheres na carreira, a partir de 1986. A primeira turma feminina do 10º BPM, que teve 55 integrantes, foi objeto de um estudo desenvolvido por Ertz Ramon Teixeira de Campos, aluno do Programa de Pós-Graduação de História (PPGH), da Universidade Estadual de Montes Claros.
O estudo, denominado “A Beleza vai à Guerra: a História da Primeira Turma de Policiais Femininas do 10º Batalhão de Montes Claros”, é realizado como dissertação de mestrado a ser defendida por Ertz Ramon em março de 2019. Ele iniciou a pesquisa no primeiro semestre de 2017.
Graduado em História pela Unimontes em 2016 e também pós-graduado em Filosofia pelo Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG), o mestrando foi homenageado na Câmara Municipal de Montes Claros pelo estudo que realizou sobre a turma pioneira de mulheres. A homenagem foi proposta pelo vereador Sóter Magno.
Cabo PM há 13 anos, Ertz Ramon Teixeira explica que a pesquisa tem como objetivo o resgate histórico da primeira turma feminina de PMs na cidade e na região do Norte de Minas. “Mas, além de deixar um legado histórico, a intenção também é prestar uma homenagem a essas mulheres”, afirma o mestrando da Unimontes.
ROMPENDO PRECONCEITO
Durante a pesquisa, Ertz realizou mais de 24 horas de entrevistas com as policiais. Ele abordou várias questões sobre como elas se interessaram pela carreira militar e, ainda, a reação das famílias diante da escolha.
O autor da pesquisa ressalta que, em 1986, as pioneiras policiais encararam um período de mudança na sociedade, que foi fim do Governo Militar em março de 1985. Na ocasião, enfatiza, “houve um reforço do policiamento ostensivo em toda cidade de Montes Claros, demonstrando para a sociedade uma “nova face” da PM com a presença das mulheres”.
“Sinto-me um agraciado por poder contar essa história e eternizá-la em uma pesquisa que, posteriormente, se tornará um livro. O legado deixado por elas na história do da Polícia Militar e do Norte de Minas é imaterial”, observa o futuro mestre em História.
O pesquisador revela que também levantou as dificuldades enfrentadas pelas primeiras policiais femininas do Norte de Minas. Uma das constatações foi o preconceito. “As mulheres entraram em um ambiente totalmente masculino, onde não existia uma estrutura de alojamento e banheiros femininos. Sofreram preconceito, principalmente, quando galgaram cargos mais altos na carreira”, afirma Ertz Ramon.
Ele destaca que as policiais femininas, aos poucos, romperam o a discriminação. “Mas, ainda enfrentam certo preconceito pelo fato de serem mulheres”, ressalta. Ainda de acordo com o pesquisador, as policiais sofriam pressão de uma sociedade que via no Governo Militar, recém findado, o responsável pela crise econômica que estava assolando o País naquele período. Reforçaram o policiamento ostensivo e foram destinadas aos pontos de maior confluência na cidade, abrilhantando as ações e demonstrando à sociedade a nova face da Polícia Militar.