O título desta reportagem é uma referência a força que se constrói no campo com a união de todos. Juntos independentemente do que se faz os produtores rurais ficam mais fortes nas suas lutas. Esta é a proposta da Sociedade Rural ao trazer pelo sexto ano a Feira de Agricultura Familiar para a Expomontes.
Desde 2011, a Feira é um ponto importante e muito visitado da exposição nos dez dias de festa. E isso é uma confirmação da importância destes pequenos produtores.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, 70% dos alimentos consumidos em todo o País vem da agricultura familiar. Os pontos fortes deste grupo são: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%).
Para participar desta edição da feira, 100 famílias vão estar na quadra do Clube dos Fazendeiros que recebe os agricultores com seus produtos. A maior parte do grupo e composto por mulheres, que correspondem a 60% dos participantes. Nas bancas para comercialização tem diversidades de sabores broas, geleias, mel, biscoitos, derivados do leite, doces, farinha de mandioca, derivados do milho, sucos, entre outros. Ha também produtos que chamam a atenção pela beleza artesanatos diversos e plantas ornamentais. Tudo distribuído em 35 barracas.
O presidente da Sociedade Rural, Osmani Barbosa Neto considera a Expomontes um incentivador da participação de todas as áreas da economia rural na Exposição. "O campo tem diferentes frentes que somadas em uma grande potencia. Juntando o pequeno com o grande todos saem fortes”, afirma.
Colaboradores da Emater acompanham os produtores ao longo do ano ajudando a desenvolver os produtos com qualidade e destaca o valor da participação na Exposição.
"É muito importante a participação do agricultor familiar na Mostra, pois é uma oportunidade que eles têm de comercializar e divulgar os produtos da agroindústria para um grande público externo.", afirma a técnica extensionista do escritório local, Cleide Neves.
Luiz Carlos Rodrigues já esteve em cinco edições da feira de agricultura familiar e sempre buscou trazer qualidade para o publico. "Não existe propaganda melhor para quem esta aqui. Conseguimos conhecer novas pessoas e garantir novas vendas". Ele se oferece na sua barraca doces cristalizados feitos com frutos da região.
O espaço fica aberto durante todo o dia e se transforma em uma divulgação dos agricultores. "As vendas que acontecem na Expomontes são expressivas, mas o mais gratificante é o contato que eles fazem pós feira, quando conquistam novos clientes", explica Cleide.
Comemoração antecipada
A Expomontes é realizada antes do Dia Nacional da Agricultura Familiar. A data comemorativa é o próximo dia 25 de julho, e todos os anos, depois da exposição agropecuária da cidade é o sorriso que toma conta dos pequenos produtores que passam pela exposição.
"Os agricultores familiares trazem produtos para a Expomontes da mais alta qualidade do Norte de Minas. Eles conquistam um grande público que reconhece o trabalho exposto, e conseguem uma boa renda através dos artesanatos, produtos agrícolas e da agroindústria", conta o gerente regional da Emater Ricardo Demichele.
O presidente da Sociedade Rural comemora o resultado do crescimento da feira assim como a Expomontes. "Temos aqui diferentes fontes de renda destes agricultores junto de outros setores do campo que fazem parte da exposição. Este e o caminho para o crescimento de todos", destaca Osmani.
Fomento e sucesso atestado
A agricultura familiar tem feito à diferença na vida de famílias do campo, Janila Dias Gonçalves. Por exemplo, tem seis filhos e conta que a vida não era fácil antes de começar a produzir para vender.
"Começamos com a agricultura familiar por causa de um projeto que Emater levou para nossa comunidade em Glaucilândia, Norte de Minas. Eu e outras cinco mulheres nos juntamos e começamos a fazer biscoitos, bolos e doces. O negócio deu tão certo que já abrimos uma padaria lá na cidade", conta.
Há dois anos Janila começou a expor na Feira da Agricultura Familiar da Expomontes e notou que o espaço foi um divisor de águas para dar impulso aos negócios
"Quando começamos a expor aqui, o negócio ainda era incerto, pois havia menos de um ano que tínhamos começado, mas durante a Feira tivemos resultados tão bons que percebemos a força do negócio", revela.
Feijão, milho, mandioca, tomate, são muitos os alimentos que os produtores rurais podem plantar para comercializar. Eliene Gomes, 39, é de Lapinha, comunidade Rural de Coração de Jesus, e trabalha há mais de 15 anos com agricultura familiar seguindo a tradição dos pais e avós.
"Nunca fiz com outra coisa. A agricultura familiar me dá uma renda cerca de 50% a mais que um emprego numa indústria, por exemplo", esclareceu a produtora rural.
Os alimentos que são produzidos por Eliene, são distribuídos para todo o Norte de Minas. "Nós vendemos na Ceanorte (Central de Abastecimento do Norte de Minas). Gosto muito do que faço, na agricultura familiar o que você produz você vende. Eu não saio da Zona Rural e nem aconselho ninguém a sair, pois é da terra que vem tudo que temos para comer, devemos valorizar", disse.
Dona Maria Madalena Leite, é produtora rural, tem cinco filhos e mora no povoado de Abóboras, em Montes Claros. Segundo ela, faltam incentivos de e valorização de outras organizações do trabalho no campo como este espaço que a Expomontes abre todos os anos para eles.
“A agricultura familiar é o meu foco e da comunidade inteira. Estamos muito felizes com a oportunidade que a Expomontes dá pra gente, para valorizar o nosso trabalho. Incentivamos nossos filhos e netos a permanecerem no campo e produzir alimentos sem agrotóxicos, que são mais saudáveis. Tentamos mostrar pra eles que podemos sobreviver, sobretudo, sobreviver bem mesmo na Zona Rural”, conta.
Um projeto de Glaucilândia, promovido pelo Senar, juntou um grupo de dez mulheres para fabricarem remédios caseiros à base de plantas medicinais. Tem remédios para dor de garganta, diabetes e até estimulante sexual. A produtora rural ,Vilma Lopes, conta que depois da associação a vida delas mudou completamente.
“O projeto já tem cinco anos, mas eu entrei há apenas um. O melhor é que juntamos e tudo, dividimos as despesas e o lucro dividimos em partes iguais. É o nosso segundo ano de exposição na Expomontes, é uma vitrine. Estamos muito felizes com a oportunidade”, finalizou.